IINFINITAS FINIENS E INFINITAS FINIBILIS: A INFINIDADE DE DEUS E DO UNIVERSO NO DE PRINCIPIO DE NICOLAU DE CUSA
Tipo: | Dissertação de Mestrado |
Título: |
Infinitas finiens e infinitas finibilis: a infinidade de Deus e do universo no De Principio de Nicolau De Cusa |
Título em língua estrangeira: |
Infinitas finiens and infinitas finibilis: the infinity of Godand the universe in Nicolau De Cusa's De Principio |
Autor: |
Sversutti, William Davidans |
Orientador: | Martines, Paulo Ricardo |
Linha de Pesquisa: | Metafísica e Conhecimento |
Resumo |
O tema de nossa pesquisa diz respeito à questão da “infinidade” do Universo no pensamento de Nicolau de Cusa. Esse assunto não é de fácil entendimento na obra do Cardeal e, em relação aos seus comentadores, não há unânime interpretação sobre o tema. Nicolau de Cusa, em sua opus magna De docta ignorantia (1440), estabelece, primeiramente, uma infinidade “negativa” a Deus e, ao Universo, uma infinidade “privativa”. Embora essas definições acompanhem a tradição tomasiana, o Cusano as trabalha de modo enigmático. Para ele, o Universo não poderia ser infinito em ato, porém, não possui “limites entre os quais esteja encerrado”. Em outras passagens dessa mesma obra, o Cardeal associa o termo “finito” ao Universo, o que gera divergências de entendimento sobre nossa questão. Nossa pesquisa, en- tão, encontrou o sermão De principio (1459), no qual Nicolau parece aprimorar a denominação dessas infinidades, bem como estabelecer suas relações: nele, a infini- dade de Deus é denominada “Infinitas finiens” e a do Universo “Infinitas finibilis”. O sermão De principio, a partir de então, tornou-se nosso objeto de pesquisa. Pri- meiramente, estabelecemos uma tradução para a língua portuguesa do mesmo, para que, a partir dela, verificássemos no transcorrer do texto quais seriam as mais im- portantes noções para se compreender a construção dessas “expressões enigmáticas” e que, por sua vez, também pudessem auxiliar no correto entendimento de nosso tema. Tomamos como hipótese de leitura a atribuição de uma paradoxal transcen- dência e imanência de Deus por parte do Cardeal ou, em termos contemporâneos, o que seria denominado de “panenteísmo”. Finalmente, nossa pesquisa destacou cinco grupos de noções fundamentais para a compreensão daquele tema: i) as noções de um Uno transcendente (Uno exaltado) e um Uno imanente (Uno coordenado); ii) as noções vinculadas à Teologia catafática e à Teologia apofática; iii) a noção de scientia aenigmatica; iv) as noções advindas do diálogo com a tradição filosófica, especialmente as que o Cusano interpreta de Proclo, Platão, Melisso e Aristóteles; e, v) a noção de uma relação “não-dual” entre o Princípio e o Universo. Nossa pes- quisa, ao final, averiguou ser satisfatória aquela hipótese de leitura, ou seja, a de que Nicolau de Cusa se aproxima de um panenteísmo. Argumentou-se, por fim, que esse panenteísmo cusano deve ser levado em conta como a principal noção para a compreensão de sua posição em relação à questão da “infinidade” do Universo.
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Palavras-chave: | Nicolau de Cusa, Metafísica, Universo, Infinito, Panenteísmo, Sci- entia aenigmatica. |
Abstract: |
Our research’s theme concerns the “infinity of the Universe” in Nicholas of Cusa’s thought. This subject is not easily understood in Cardinal’s work and, in relation to his commentators, there is no unanimous interpretation on the subject. Cusanus in his opus magna De docta ignorantia (1440) establishes, first of all, an “negative infinity” to God and, to the Universe, an “private infinity”. Although these defini- tions accompany the Tomasian tradition, Cusanus works them enigmatically. For him, the Universe could not be infinite in act, but it has no “limits between which it is enclosed”. In another passages of this same work, the Cardinal associates the term “finite” with the Universe, which generates disagreements about our question. Our research, then, found sermon De principio (1459), in which Nicholas seems to improve the denomination of these infinities, as well establish their relations: in this text, the infinity of God is called “Infinitas finiens” and that of the Universe “Infini- tas finibilis”. The sermon De principio, from then on, became our object of research. Firstly, we established a translation into the Portuguese. From it, we could verify sermons’ most important notions in order to understand the construction of these “enigmatic expressions” and find a correct understanding of our subject. We take as reading hypothesis the attribution of a paradoxical transcendence and immanence of God by the Cardinal or, in contemporary terms, what would be termed “panenthe- ism”. Finally, our research highlighted five groups of fundamental notions to follow that theme: i) a transcendent One (exalted One) and an immanent One (coordi- nated One); ii) the notions related to cataphatic and apophatic theology; iii) the notion of “scientia aenigmatica”; iv) the notions that came by dialogue with the philosophical tradition, especially those which Cusanus interprets Proclus, Plato, Melisso and Aristotle; and v) the notion of a “non-dual” relationship between the Principio and the Universe. Our research, finally, found that the reading hypothesis was satisfactory, i.e., that Nicholas of Cusa is approaching a panentheism. It was argued, finally, that this panentheism must be taken into account as the main no- tion for the understanding of its position in relation to “infinity” of the Universe’s question. |
Keywords: |
Nicholas of Cusa, Metaphysics, Universe, Infinity, Panentheism, Sci- entia aenigmatica. |
Temas: |
Nicolau, de Cusa, Cardeal, 1401-1464, Metafísica, Universo, Infinito (Mundo) |
Língua: | Português |
Citação: |
Sversutti, William Davidans. Infinitas finiens e infinitas finibilis: a infinidade de Deus e do universo no De Principio de Nicolau De Cusa. Universidade Estadual de Maringá, Centro de Ciências Humanas Letras e Artes. Maringá, 2019. |
Data: | 2019 |
Arquivo: | |
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